Os blindados da CPI.

 

Blindagem é um termo com diversas aplicações, vai desde uma técnica de proteção de veículos até a proteção total de pessoas com diversas conotações. O termo cabe ser aplicado a algumas pessoas que estão sendo escancaradamente protegidas pela CPI da Pandemia. Os três principais que são os mais blindados são Carlos Gabas, o governador do Amazonas Wilson Lima (PSC/AM), e o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC/RJ). E assim como na técnica de blindagem de carros, essas pessoas possuem uma blindagem específica dentro da comissão do Senado Federal.

Carlos Gabas é o blindado por excelência. Ele é intocável e ficou provado isso nessa semana. No segundo requerimento feito pelo Senador Eduardo Girão (Podemos/CE), a CPI da Pandemia votou em um placar de 6x4 por não convocar o secretário do Consórcio Nordeste (consórcio criado para aquisição de bens, insumos e vacinas para a região). Gabas é investigado pela Polícia Federal por equipamentos adquiridos com dinheiro público enviado pelo Ministério da Saúde, o qual não se traduziu na aquisição real dos bens que simplesmente sumiram. Além disso, há indícios de irregularidades em contratações na sua gestão. Mesmo com todos os indícios e provas recolhidas pelo Ministério Público e Polícia Federal, a CPI, que tem como relator um Senador com mais de uma dezena de processos parados no STF, optou em votação por não chamar Gabas.

O governador do Amazonas é um blindado prevenido. Wilson Lima (o qual possui negócios e acordos junto ao Presidente da CPI, Omar Aziz - PT/AM) entrou com pedido junto ao STF para não depor na CPI após ter sido convocado. E é aqui que entra a blindagem preventiva. Lima, por graça da Corte Suprema nacional, teve seu pedido atendido antes mesmo da sua data de depoimento na Comissão do Senado. O chefe do Executivo amazonense é acusado, dentre outros atos de corrupção, de comprar respiradores junto a uma empresa que seria uma adega de vinhos. Soma-se a isso o caso das diligências da Polícia Federal no Amazonas, que em alguns casos foram recepcionadas a tiros (e não eram de chumbinho). Wilson Lima não compareceu para depor na CPI.

Finalmente, há o blindado de campo, o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (já sei qual nome não colocar no meu filho um dia). Witzel foi eleito na aba da popularidade de Jair Bolsonaro. Logo após as eleições, o então governador rompeu a aliança com o Presidente e começou a atacá-lo. Com o surgimento da pandemia, os olhos do governo liderado por Witzel cresceram, e o governo foi acusado de superfaturamento em obras de hospitais de campanha, além de outros escândalos que levaram Witzel à uma perda de popularidade imensa e ao consequente impeachment pela Assembléia Legislativa do Rio de forma unânime. Na CPI, Witzel foi recebido com todo tato e cuidado por parte principalmente de Renan Calheiros, o Senador com mais de dez processos a serem julgados no STF.  Tanto que Calheiros perguntou a Witzel se ele estaria incomodado com a presença do Senador Flávio Bolsonaro (Patriota/RJ), visto a rivalidade entre os dois no estado carioca. Witzel teve o direito concedido de encerrar precocemente seu depoimento e sair antes do fim dos questionamentos.

Protegidos fortemente, praticamente imunes aos pedidos de investigação e livres para executarem atos corruptos. Gabas, um blindado por excelência que é aberta e ostensivamente protegido pelo conhecido G7 da CPI. Lima, um blindado prevenido, que se posiciona antes de sofrer as investigações e indagações. Witzel, um blindado de campo, que é acusado, condenado, sofre impeachment, mas ainda assim tem sua proteção garantida pela mesa da Comissão. Enquanto eles estão protegidos, e você não cobra nada além de que o "Bozo" saia da presidência, o país continua entregue às quadrilhas que governaram esse país por mais de 30 anos e não trouxeram os serviços pelos quais pagamos para termos. Nada mudará, enquanto o foco estiver errado. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Editorial: Desinformação é a estratégia.

Manifestações populares marcadas para 1º de Agosto a favor do voto impresso auditável

Editor do Sociedade Inteligente é censurado no Twitter após debater com Diretora de TV