Editorial - Feminismo: Um show de hipocrisia e sororidade seletiva

Editorial de Maria Eduarda Campopiano Monteiro  

É bastante comum ouvir que o feminismo é ''para todas'', que luta para toda mulher ser exatamente o que quiser sem julgamentos pela nossa “sociedade patriarcal”, machista e opressora. Porém, afirmar que o feminismo quer mais respeito para as mulheres é algo comumente contrariado e desmentido pelas próprias adeptas ao movimento e pelo ódio às mulheres que não seguem sua cartilha. Mas antes de abordar a hipocrisia feminista, é preciso estabelecer um contexto histórico.

Ainda na época da luta pelo direito ao voto, já se encontrava mulheres opondo-se aos ideais do movimento feminista. Essas eram chamadas de antissufragistas: Um grupo composto por cerca de 42 mil mulheres que reconheciam que o direito de votar deveria estar atrelado ao dever de servir à pátria e, como não estavam dispostas a entrar para o Exército, não se importavam pela participação nas votações, pois viam como um privilégio injusto.

Os tempos mudaram e com o privilégio do voto conquistado, as feministas passaram a dedicar seu tempo tentando conseguir o direito ao aborto e outras barbáries. Isso está diretamente relacionado à promiscuidade que o movimento passou a pregar enfaticamente a partir de sua segunda onda. Com tal pauta e práticas promíscuas, a repulsa pelo conservadorismo, cristianismo, família e bons costumes, embora sempre presente, tornou-se mais presente no movimento.

Com esse foco, feministas e progressistas estreitaram os laços, atraindo jovens para o movimento, passando a imagem de um feminismo sobre “respeito e equidade” para as mulheres maltratadas e supostamente sem valor para a sociedade. Assim vê-se tantas jovens sem contato com literatura ou teoria feminista afirmando serem do movimento. Afinal que tipo de ser humano horrível se oporia a tratar as mulheres com respeito? Muitas das que se afirmam partidárias do movimento (já pude atestar em conversas com algumas), não sabem descrever o feminismo como coletivista, e a maioria delas costumam negar quando citamos os privilégios possuídos pelas mulheres.

Agora que o contexto foi estabelecido, como as antissufragistas no passado, hoje há as antifeministas (como eu). O movimento é composto por mulheres cristãs, conservadoras, de direita, e até algumas liberais, ou mulheres com bom senso. Essas que não se curvam à ideologia, não querem se entregar ao Estado, sabem o valor da família, do casamento e da maternidade, portanto, uma oposição natural ao feminismo. Por isso, tentam cortar o "mal" pela raiz doutrinando escolas e universidades para aumentar de forma orgânica as fileiras da esquerda.

Assim como toda mulher que se opõe ao feminismo, ou que optou por não fazer parte dele, já tive que ouvir afirmações como "você merece um marido que te espanque", ou "você vai se opor só até o dia que um homem te pegar sozinha numa rua escura". É bizarro, mas esse tipo de perseguição é comum por parte das feministas. Há dois casos que exemplificam bem isso:

Em 2018, a Ministra Damares Alves detalhou a série de estupros dos quais foi vítima quando criança. Ela afirmou ter sido abusada e estuprada por dois pastores por dois anos. Damares também confessou que, aos 10 anos de idade, tentou suicídio ao subir em uma árvore com um punhado de veneno de rato em mãos em virtude de seu sofrimento. Relatou que, como muitas crianças na época, ela tinha um amigo imaginário e o seu tinha a forma de Jesus. Quando estava prestes a se suicidar, de cima da árvore ela viu Jesus. Isso a fez desistir do suicídio.

Após relatar seus abusos e sua tentativa de suicídio, a Ministra foi ridicularizada em redes sociais como Twitter por feministas que se opunham a ela na época, devido a sua associação com o Presidente Jair Bolsonaro. Ao invés de se solidarizarem com a situação e entenderem que a religião foi o que trouxe conforto a ela, feministas ridicularizaram uma mulher, seu estupro, sua religião e sua tentativa de suicídio.

Outro caso interessante é o da Deputada Estadual Ana Campagnolo (PSL-SC), considerada uma das maiores antifeministas do Brasil. Em seu livro “Feminismo: Perversão e Subversão”, Campagnolo relata que ao cursar História na faculdade, apesar de silente, foi logo taxada de “extrema-direita” por ser cristã. Durante a formatura, sua oradora a descreveu como defensora da “ditadura". Na Comissão Especial da PL 7180/14 (projeto da Escola sem Partido), ela contou que, em seu mestrado numa universidade pública, colegas a denunciaram para sua professora pelo simples motivo de postar versículos da Bíblia e frases contra o feminismo. A mestranda recebeu e-mails da docente, afirmando que seu posicionamento não era compatível com as práticas acadêmicas da universidade.

Durante as aulas, em provocações segundo Campagnolo, a professora citava frases como "não se nasce mulher, torna-se", e dizia que se elas estavam em busca de um mestrado, era graças às feministas e à sua Revolução Sexual. Se elas estavam na faculdade é porque optaram por se matricular dentro de uma "perspectiva de pensamento" e etc. Após a militante tentar prejudicar seu aprendizado, Ana Campagnolo moveu um processo por danos morais contra a docente, que tinha apoio do sindicato e dos outros alunos. O processo ainda corre na justiça.

Casos absurdos como esses ocorrem com mulheres como eu o tempo todo. Quando expressamos nossa opinião conservadora revelamos a grande hipocrisia do movimento feminista. A suposta sororidade do feminismo aplica-se única e exclusivamente a quem está disposto a renunciar sua moral para seguir a agenda progressista e coletivista de um movimento desagregador. Caso queira comprovar isso, basta ler comentários de feministas em qualquer publicação feita por mulheres de direita.

Afim de disfarçar as bizarrices do feminismo (como essas agressões contra quem pensa diferente ou como os protestos com poucas roupas e nenhuma dignidade), as feministas criaram o espantalho (típico de qualquer movimento esquerdista), o "femismo". Uma espécie de bode expiatório que tenta tirar de seus ombros as loucuras do movimento. Também é comum observar afirmações que visam tirar “Simone De Beauvoir" como feminista. O objetivo é desvincular sua péssima reputação do feminismo.

A conclusão é: O movimento feminista é coletivista. Não busca proteger o indivíduo e sim proteger um ideal coletivo, independente dos meios. A maioria das meninas jovens que se dizem feministas não sabem do que o movimento trata na realidade. A maioria delas não sabe citar alguma figura que não seja Frida Kahlo, e não compreendem as circunstâncias que a colocaram nessa posição de destaque. Para ser antifeminista, basta conhecer o feminismo. Deixo meu conselho às jovens mulheres: Saiam do perfil do "Quebrando o Tabu" e comecem a ler. Abram a mente e estejam dispostas a compreender o lado oposto. Somente após um estudo aprofundado sobre o feminismo, será possível decidir qual lado está.

Comentários

  1. Muito inteligente e esclarecedor, gostei muito do texto.

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  2. Excelente editorial! Descreveu em mínimos detalhes esse movimento dito de "proteção" aos direitos femininos. Parabéns!

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