O Neocomunismo: A reação da esquerda no séc. XXI

 

Ao se falar em ameaça comunista nos dias de hoje, aqueles que ainda não acordaram para a ameaça real e mais perigosa do que do século XX, falam em teoria de conspiração, falam em ideologia que não existe. E esse é um dos trunfos do comunismo reformado. Para descortinar a nova lógica da esquerda, torna-se fundamental entender que aquele socialismo implantado nas Repúblicas Soviéticas não é o mesmo atualmente. E este texto trará 3 aspectos do que pode ser compreendido como neocomunismo: O uso do capitalismo para atingir o Estado comunista; a cooptação das grandes corporações globais para fazerem parte da "nata comunista"; e finalmente a divisão das democracias liberais capitalistas.

Talvez uma das mais influentes correntes teóricas de esquerda dos nossos dias é a da Escola de Frankfurt, aliada a um dos maiores autores do comunismo, Antônio Gramsci. Em seus textos, tanto Gramsci, quando os teóricos alemães pontuam o erro soviético em tentar bater de frente com as "estruturas capitalistas". Para isso, oferecem que deve-se haver na verdade uma revolução silenciosa em setores estratégicos da sociedade para cooptá-las à causa. Universidades, mídias, cultura, artes, entretenimento, é preciso tornar o comunismo defendido inconscientemente pelas pessoas. E nesse ponto, o que vê-se hoje em dia é justamente isso, e por esse motivo, as pessoas não conseguem identificar a ameaça. E muitos são tão desesperadamente dependentes disso, que farão de tudo para proteger a causa.

O capitalismo, enquanto modo de produção, avançou muito baseado na ideia de liberdade (mesmo que essa seja questionável). Assim, surgiram as democracias liberais com a independência dos EUA e a Pax Britannica no séc. XIX. Foi um período de forte avanço tecnológico, continuado mais intensidamente no séc. XX sob a tutela dos Estados Unidos substituindo os britânicos. Contudo, a liberdade ocidental, ao longo das décadas, passou a ser dormência para ameaças latentes. E as ideias da escola de Frankfurt e de Gramsci foram sendo introduzidas nas universidades que passaram a difundi-las silenciosamente, ano após ano, através de acadêmicos doutrinados à esquerda. Dessa forma, com o uso da liberdade capitalista para o avanço humano (e do próprio capital, vide esquerdistas que usam marcas caras e apoiam isso), a esquerda cooptou mentes, e espalhou "subliminarmente" a mensagem do comunismo e a repulsa ao conservadorismo e ao capitalismo competitivo que formam a base do modo de produção.

Contudo, não adianta sequestrar a erudição ocidental sem atacar as famosas elites capitalistas. Mas o ataque não foi pelo fim dessas elites, afinal, o ditado diz: Se não pode com eles, junte-se a eles. A esquerda entendeu que o maior erro da esquerda no séc. XX foi tentar eliminar as elites, ao invés de trazê-las para seu lado. E não há meio de convencer uma elite sem garantir que ela ficará na sua posição. Portanto, como o neocomunismo não prega mais o fim do capital, as elites foram atraídas pela manutenção do seu poder econômico, e também pela sua perpetuação no status quo através do estrangulamento da liberdade capitalista, sem acabar com a concentração de capital que garante a manutenção das posições sociais. Ora, se observar, atualmente todas grandes corporações globais defendem pautas progressistas e de maior igualdade em diversas áreas. Mas todos sabemos que as elites não desejam igualdade total, então por que propagar a ideia?

Nem o socialismo do séc. XX, nem agora no séc. XXI visam atingir o Comunismo de Marx. A verdade é que se trata de um instrumento mais eficaz e menos instável de perpetuação de poder. O neocomunismo precisava criar novas divisões que tivessem apelo social como a divisão clássica entre trabalhador e empresário. Pela difusão do modo capitalista, cada vez mais microempresas surgiram, e cada vez mais a figura do empregado e do patrão se confundiram. Dessa forma, para fomentar a divisão nas democracias liberais capitalistas, a esquerda criou os espantalhos dos preconceitos: Brancos contra negros, gays contra heterossexuais, conservadores contra progressistas, e outras divisões ideológicas. Essa fragmentação, principalmente nos dias atuais, tem servido muito bem à potência emergente da atualidade, a China. Afinal, enquanto os países ocidentais gastam energias e tem sua população dividida nessas discussões, o comunismo chinês avança a passos largos para se tornar a maior potência global ainda antes de 2050. E como isso garantirá às elites sua permanência de posição?

As elites globais, pelos avanços tecnológicos das últimas décadas, ficaram mais unidas e integradas, com fácil comunicação e difusão de valores e ideologias de seu interesse. As divisões nas democracias liberais, de forma tão aguda igual jazem as duas principais da atualidade (Estados Unidos e Brasil) geram impasses, entraves político-sociais e falta de avanços econômicos pela instabilidade. Assim, a China não precisa tomar medidas ostensivas como boicotes, bloqueios comerciais ou movimentos militares, só precisa ter o poder, em tese, de tomar tais medidas. O principal é deixar que a liberdade leve esses países a uma discussão sem fim em torno de temas que só desgastam e desviam a atenção do real perigo. Através do poderio chinês comunista, as elites monopolizam mercados e tendências, fato que ocorre nas redes sociais que censuram discursos contrários ao que chamam de "tolerância", e grandes corporações globais conseguem produção barata na China, além de obterem, no futuro, o retorno com a perpetuação apoiada por um governo comunista autoritário.

Portanto, seja na infiltração das democracias, seja na hegemonia de pensadores, seja no domínio do capital, o neocomunismo é uma realidade que está massacrando as democracias liberais. E isso ocorre usando justamente a liberdade que é oferecida no Ocidente, porém negada na China e em outros países. E qual é a solução? A solução talvez seja admitir, que, da mesma forma que o Nazismo foi criminalizado no Brasil (de forma correta), o Comunismo também deveria ser crime. Outro ponto é rechaçar quaisquer tentativas de sufocamento de vozes conservadoras, assim como é dado ouvido ao progressismo. Afinal, por essência, o conservadorismo é cético e acredita na valorização da história passada para um futuro melhor e visa preservar a democracia liberal que, com suas imperfeições, é o regime de governo "menos ruim" até então. Mas, o que grupos neocomunistas como Black Lives Matter e Antifas tem feito é justamente apagar o passado, fazendo com que nos esqueçamos as lutas para chegarmos até aqui, mesmo aquelas que apoiam o Comunismo. O ponto mais importante é que conservadores talvez tenham acordado tarde demais para reverter o cenário de forma pacífica, e preservar a liberdade e a democracia real sem luta.

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